MOTE:

"Eu sou uma autêntica bomba abandonada! Temo explodir a qualquer momento..."
- Frase de um ex-combatente, anónimo.

Amigos

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

IRMÃO D'ARMAS

1.
O negro, aqui ao meu lado,
À flor deste chão sagrado,
Arma aperrada na mão,

Coroado,
Orvalhado (como eu) de imensidão,

E tão a mim aferrado
Em solidária
Solidão

- Não é negro negregado
mas soldado, meu irmão.

                    Ao José Valle de Figueiredo

2.
Morrermos no mesmo dia
Irmos por ermos irmão
Que onde antes aves havia
Onde sempre amanhecia
Sol no céu da solidão
Já só álgida nostalgia
Voa virada ao Verão
A apontar toda a apatia
Em que as estátuas estão.

Morrermos no mesmo dia
Pedras do mesmo padrão
Todo o condão e a magia
Toda a magia da acção
Gerando a interior geografia
De mapas sem dimensão.

Morrermos no mesmo dia
Noivos do mesmo nevão
Solidão por companhia
Manhã d'armas meu irmão!

Rodrigo Emílio
In: Antlogia Poética, Areias do Tempo, 2009

Imagem: sapo.pt

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