Lenços brancos a acenar,
angústias e arrepios,
no cais esperam navios
sedentos de céu e mar.
Vão enchendo os seus porões
as caravelas de Agosto
de soldados contragosto
que «marcham contra os canhões»..
E tantas boinas com fitas,
ai! quantas botas com cardas
e, prisioneiras das fardas,
as nossas almas aflitas!
Num oceano de medo
há uma raiva amordaçada,
nesta nação adiada,
com seus heróis de arremedo.
Quantos sonhos adiados
e quanto olhar inocente!
Não somos gado nem gente
na leva dos condenados.
Ó seiva de Portugal,
pelo bolor corrompida,
fazendo a guerra perdida
do Império Colonial!
Abdul Cadre – (Vendas Novas)
In: “Matope”, 1982
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