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"Eu sou uma autêntica bomba abandonada! Temo explodir a qualquer momento..."
- Frase de um ex-combatente, anónimo.

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

"TRIÂNGULO" - versos de guerra, amor e ódio.


Noite apagada

Mil riscos de luz veloz
cruzam o espaço
O silêncio abate-se sobre nós
na picada traiçoeira

Vultos velozes
e negros
debandam às cegas dos braços
esguios e nus
das bissapas

Sentem o medo no peito
e levam nas asas
a esperança da vida toda

Ou talvez saúdem a morte...

Um raio de lua
coado
por entre os braços daquele imbondeiro
gigante como a noite longa,
guardião da savana,
visita o nosso silêncio
e o medo
e o grito abafado que ecoa
para dentro do peito

Álvaro Giesta -
Angola (Leste), 1971

In:  "TRIÂNGULO" - versos de guerra, amor e ódio. (a publicar)

Imagem: sapo.pt

5 comentários:

  1. Alma aflita encontra na poesia a forma de expressar tudo que sente!

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  2. Caro Anónimo,obrigado pela sua visita, leitura e comentário. "Desabafos sobre a guerra. Contra o stress, falar, falar..." é o mote deste blog, onde se expõe em prosa e poesia, o que vai na alma e no corpo, dos que sofreram directa e indirectamente foram e são vítimas da estupidez humana.

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  3. Eduardo. Os meus poemas sobre guerra não têm título. Noite apagada é o primeiro verso do poema. O que não quer dizer que não o possa ser. Mas, se entenderes que lhe deves dar título, que ele seja o primeiro verso do poema mas que se repita no corpo do poema. Eles compõem um conjunto de 50 poemas a que chamo "TRIÂNGULO", em que os que falam da guerra não têm título. E triângulo porquê? Porque canto a "guerra", o "amor" e o "ódio". Apenas os que cantam o amor (como o primeiro que inseriste) têm título. E aos que cantam o ódio, uns têm título específico e outros há em que o título é o primeiro verso.
    Eventualmente o melhor até seria dares como título (àqueles que o não têm) o nome "TRIÂNGULO" - versos de guerra, amor e ódio. É assim que a obra vai ser editada.

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  4. Desculpa pelo lapso, já emendei e penso que está como deve ser. De qualquer das formas a minha gratidão por autorizares o NOSSO blog a publicar poemas de uma obra a publicar, a qual espero ver o mais breve que possível nas mãos dos leitores de boa poesia.

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  5. Meu caro Eduardo. O livro, que estava para ser "Triângulo", mudou de nome por critérios vários. Chamar-se-à "há o silêncio em volta", e já está entregue às Edições Vieira da Silva a trabalhar na sua publicação. Abraço

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