A hiena uivou toda a noite
o bicho esfomeado uivou toda a noite
as vozes saíram das casas
como o fogo se levanta das cinzas
altas todas juntas no medo
os dentes dos guerreiros
batiam sem parar
os pés das velhas juntaram-se para aquietar a poeira
um companheiro nosso não regressou
o filho único de nossas mãesnão vai voltar de pé
é só o seu cheiro que volta agora
e um corpo separado daquilo que era antes
um filho dos nossos não regressou
a hiena uivou todo a noite
a terra ficou dura sob os nossos pés.
Ana Paula Tavares (Angola)
in: "Diz-me coisas amargas como os frutos"
Imagem: sapo.pt
Bonito poema, de Ana Paula Tavares. Bonito e triste.
ResponderEliminar«...é só o seu cheiro que volta agora
e um corpo separado daquilo que era antes
um filho dos nossos não regressou
a hiena uivou todo a noite
a terra ficou dura sob os nossos pés.»
A terra é sempre dura para quem anda descalço!
Bjito amigo e parabéns pela divulgação da autora.