Ai, S.Tomé, S.Tomé.
Se não fosse...
...A saudade de casa, dos amigos
a minha precoce ilusão
a ânsia juvenil da descoberta
a minha pseudo afirmação...
...Se não fosse...
...A farda camuflada
os quartos de serviço
a G3 na minha mão
as faxinas no Casão e na Messe
os desfiles no Palácio da Governação...
...Se não fosse...
...O paludismo
em forte e insistente sezão
as micoses e o estômago debilitado
as cáries e a calvície em progressão...
...Se não fosse...
...As Baratas, Osgas e Matacanhas,
os Mosquitos e a Elefantíase em profusão
as “coçadeiras” nas virilhas
os muros e portas, feitos prisão...
...Se não fosse...
...O sonho Pátrio
que me incutiram por razão
o teu Povo apelidado
de inimigo, turra, espião...
Ai, se não fosse.
David Barreira
S.Tomé e Príncipe
69/71
Imagem: sapo.pt
Obrigado Helena por “distribuíres” este meu trabalho no Blogue do nosso amigo. Agradeço também a todos os que por aqui passaram e faço um apelo, juntem-se a nós neste projecto de não deixar cair no esquecimento o que foi este flagelo para a nossa juventude. Muito embora as marcas da Guerra Colonial não fossem iguais para todos. Todos fomos “adiados”socialmente e esquecidos desde há cinquenta anos. É tempo de o mostrar aos nossos netos.
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