Fulguram lâminas na noite…
Escura incerteza a nossa.
Cantemos fábulas, apólogos, fantasias.
Fulguram lâminas na noite…
Sonhar sonhe quem possa,
a situação não se coaduna com poesias.
Chove chuva de caju, ténue cortina
a envolver a noite num manto neblina.
Noite morna densa de mistérios,
olhando lá para fora é só pavor
… silêncio, escuridão, calor…
Calem-se por favor!
Já chega de impropérios…
Rasga o silêncio um grito de rajada
tiros isolados, os ecos no escuro…
Depois, não há mais nada…
Depois, não há mais nada…
Bebam mais – que raio – bebam mais…
Talvez que a nossa aurora seja nunca
talvez que seja o nosso nunca mais;
Que fiquem na noite fechada
sob o céu profundo e puro.
Depois, não há mais nada…
Depois, não há mais nada…
Fulguram lâminas na noite
Estranha tristeza a nossa.
Contamos contos, histórias, elegias…
Fulguram lâminas na noite
sonhar, sonhe quem possa,
a situação não se coaduna com poesias…
Neves e Sousa (Luanda 1961)
In:”Macuta e Meia de Nada”
Magnifico poema do poeta angolano Neves e Sousa!
ResponderEliminar«Chove chuva de caju, ténue cortina
a envolver a noite num manto neblina.»
Saudade do cheiro da terra africana quando chove...
Boa escolha!
Parabéns ao autor e um bem haja a ti, meu querido amigo poeta Roseira.
Bjito amigo e bom fim de semana.