Em Bagarila, com os deuses da noite,
sei de que lado sopram os ventos de África.
E a alma das pedras, corcovada, estática,
ensina a permanecer, caso o inimigo se afoite.
Vila Cabral, a 32 quilómetros.
Planalto de Lichinga.
Uma cidade armada,
arame-farpada
até aos dentes.
O inimigo, e nós,
sabemos que, entrementes,
as Kalashs cantam,
estremece Inhaminga.
O inimigo move-se no arco dos azimutes.
Célere é a impulsão dos bidons de gasolina,
ao longo da negra vertigem do asfalto.
Baionetas caladas
perfuram a noite.
Permaneçode pedra
transmudado em basalto.
Manuel Ferreira
In: "Tempo"
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