MOTE:

"Eu sou uma autêntica bomba abandonada! Temo explodir a qualquer momento..."
- Frase de um ex-combatente, anónimo.

Amigos

domingo, 10 de abril de 2011

AS MEDALHAS...



entre minas
emboscadas
e cruzamentos
de metralhas...
ganhei várias
medalhas...

da guerra
coube-me em sorte
uma medalha...
...a da morte...

da juventude
com futuro distante
coube-me
uma medalha...
feita de sangue...

do ser mau
vil e atroz
por via da chamada
"lei" da sobrevivência
deram-me
a medalha...
...da violência...

do hábito
de tanto ouvir
o terror
em cada grito
ganhei outra
medalha...
...a de achar tudo...
...normal e bonito...

do para 
não morrer
matar...
matar...
a guerra era
de forma animal
uma autêntica festança
onde tudo era normal:
- aniquilar homem
mulher
ou criança...
e por tal
tive
a medalha...
...da matança...

hoje recordo
o cumprir da ordem
na certeza do dever
e de na melhor desordem
provocar sofrimento
matando para não morrer
na mais digna...
...indignidade.
cumprindo a cada momento
o comprar do amanhã/idade
e ganhando
a medalha...
...do esquecimento...

eduardo roseira

Imagem: sapo.pt

1 comentário:

  1. Meu querido amigo,tristes e negras medalhas as que te deram.
    Ficaram bem gravadas na tua memória.
    «do para
    não morrer
    matar...
    matar...
    a guerra era
    de forma animal
    uma autêntica festança
    onde tudo era normal:
    - aniquilar homem
    mulher
    ou criança...
    e por tal
    tive
    a medalha...
    ...da matança...».
    Tanta luta, tanta desordem, tanta maldade, tanto sangue e tantas mortes, para quê? Para chegar à situação em que estamos?
    Lá deixaste a alma, trouxeste medalhas marcantes na memória e como tu, muitos outros.
    Bjito amigo

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