verdes eram os meninos
na idade e no fardar
feitos maduros jovens
no sofrer e no calar.
os pássaros
são cinza-cor
e trazem nas asas
a cruz de cristo!...
e cospem bombas.
meninos memórias-napalme
que tingiu durante
três noites e iguais dias
o azul céu
e as albas nuvens,
em vermelho fogo
e negro morte.
verdes eram os meninos…
agora…
agora sonham e (re)vivem a só,
estar entre o seco capim
e o barrento pó,
e lembram
os cúmplices olhares
que acamaradavam
o medo que escondiam.
por companhia
a comunhão entre todos
os verdes meninos,
do fumo da suruma (1)
que lhes metralhava os pulmões
e aliviava a alma
e gritavam
sorriam
enquanto a tórrida cerveja
lhes camuflava os receios
que vestiam.
verdes eram os meninos…
esta a história
repetidamente sonhada,
pelos meninos verdes
sem sal
e com azar
vestidos de homens
e com ordem de matar
sem dó, nem pena
num duro e constante fingir
este o poema do qual
não consigo fugir!
eduardo roseira
19/março/2012
(1): liamba, erva
Imagem: sapo.pt
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