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"Eu sou uma autêntica bomba abandonada! Temo explodir a qualquer momento..."- Frase de um ex-combatente, anónimo.
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sábado, 13 de junho de 2015
terça-feira, 14 de abril de 2015
MUEDA! QUEM ÉS TU?
- Eu
sou o fulcro dessa balança,
a
que chamam terrorismo.
-
Sou o terror dos metropolitanos,
dos
“coca-colas” e até dos turras.
-
Porque o pó que se respira,
é o
pó da pólvora queimada.
-
Porque a água que se bebe,
é a
água manchada de sangue.
-
Porque as quietudes das noites,
são
quebradas pela incerteza.
-
Porque os dias que passam,
são
dias que não mais passam.
-
Tenho o meu ventre inchado,
pronto
a parir maquinismos
e
homens que são títeres,
para
semearem a morte.
-
Tenho um grande hospital,
para
dar aquilo
que
nos obrigam a roubar,
impelindo-nos
para o abismo
da
morte ou da invalidez…
e
como indeminização?...
-
Uma medalha…
Algumas
a titulo póstumo,
daqueles
que eram o sustento das viúvas
e
até dos próprios pais.
- 10
de Junho.
Dia
da Raça.
Mas
que raça?...
Raça
de autómatos sorridentes.
Bem
vestidos. A desempenharem a sua função:
-
Medalhar! Medalhar! Medalhar!
-
Onde estão eles que não nos vem visitar?
-
Honrai a Pátria, que a Pátria vos contempla.
Como?
Assim!...
Não!...
- Dizem eles.
-
Mais vale viver desonrado,
do
que morrer ou ficar aleijado.
Luís
Jorge
1 de
Agosto de 1969
Mueda
– Moçambique
África
Oriental Portuguesa
-
Post Scriptum: Dia do meu 24.º aniversário
(Será
que alguém vai ler isto?)
Luís Jorge (Ferreirinha Júnior)
quinta-feira, 26 de março de 2015
…PORQUE, AINDA VIVO…
e
uma missão:
-
matar!...matar!…matar!...
eras
tu, pouco mais que criança…
fintaram-te
a juventude.
roubando-te
a esperança.
algemando
tudo o que era virtude…
uns
anos mais tarde,
porque,
ainda vivo,
com
mais nada para te tirar…
pediram-te
de volta a tua “mulher”..
assim
chamavam à espingarda
que
um dia te deram,
para
com ela tu tudo matares…
homem…mulher…
menina…rapaz…
velho…criança…
…tudo
em nome da “paz”…
aos
outros…já mortos…
chamaram
os pais,
as
viúvas, os meninos órfãos
que
nunca conheceram os seus pais…
a
quem pomposamente
lhes
deram uma medalha…
a
ti, porque, ainda vivo,
deram-te
o nada
acompanhado
do abandono
como
que dizendo:
- vai,
cão sem dono!…
desaparece!...
hoje,
em tempos de… “paz”…
és
ferida que dói…
és
forçado, a de novo, ser herói…
porque,
ainda vivo,
em
constante luta contra o stress.
eduardo roseira
domingo, 22 de março de 2015
O HERÓI - poema de Sidónio Muralha
O herói da guerra
possui 365 medalhas,
uma para cada dia do ano
(só nos anos bissextos
tem um dia de folga).
O herói da guerra
tem um desencontro
marcado com ele mesmo
(sua vocação era ser homem
e fizeram dele um herói).
o herói da guerra
precisa esquecer
(num gesto heróico
fuma heroína).
Sidónio Muralha
In: "Poemas de Abril", Lisboa, 1974, Prelo, pág.58.
possui 365 medalhas,
uma para cada dia do ano
(só nos anos bissextos
tem um dia de folga).
O herói da guerra
tem um desencontro
marcado com ele mesmo
(sua vocação era ser homem
e fizeram dele um herói).
o herói da guerra
precisa esquecer
(num gesto heróico
fuma heroína).
Sidónio Muralha
In: "Poemas de Abril", Lisboa, 1974, Prelo, pág.58.
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